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Brasileira cria rede colaborativa com foco no tempo livre das pessoas

A plataforma Bliive já está presente em mais de 100 países e possui mais de 60 mil usuários.

Reprodução / Bliive “Uma nova forma de viver experiências e compartilhar o que você tem de melhor”, segundo a home da Bliive.

Empreendedorismo consiste em identificar oportunidades e transformá-las em negócios lucrativos. E foi justamente isso o que Lorrana Scarpioni fez e, melhor ainda, utilizando o tempo livre das pessoas. Com o princípio da economia colaborativa, ela criou o projeto Bliive, uma rede colaborativa de troca de tempo.

Após se cadastrar gratuitamente na plataforma, o usuário pode, por exemplo, oferecer uma hora de aula de inglês ou piano e receber um crédito por esse tempo, o TimeMoney, moeda virtual do site. Depois, esse crédito pode ser trocado por qualquer atividade disponível na rede. Os membros também podem doar seu tempo livre em ONGs cadastradas.

“É uma rede que mostra para as pessoas que o valor delas está no que elas podem acrescentar de positivo na vida umas das outras. E que elas podem viver experiências sem precisar utilizar o dinheiro, só utilizando a colaboração”, afirma Lorrana. Por ser uma rede social, a Bliive também possui os recursos tradicionais, como adicionar amigos e trocar mensagens.

A inspiração surgiu em 2012, quando ela assistiu dois documentários sobre economia alternativa e colaboração online. A partir daí, Lorrana teve a ideia de criar uma rede colaborativa de troca de tempo, onde as pessoas podem ensinar e aprender.

Mas quem pensa que, do momento da ideia até o lançamento da Bliive, tudo ocorreu facilmente, se engana. Para fazer a ideia acontecer, ela contou para alguns amigos e fez parcerias, mas muitas dessas parcerias não deram certo. Depois de muito tempo, Lorrana conseguiu fazer sociedade com dois designers, Murilo Mafra e José Henrique Fernandes, e os três começaram a pagar um programador. Um designer ficou responsável pela parte de marketing e o outro pela de web. O lançamento da plataforma ocorreu em maio de 2013, um ano após o surgimento da ideia. Hoje, a startup conta com uma equipe enxuta, apenas sete funcionários.

Atualmente, essa rede possui mais de 60 mil usuários e está em mais de 100 países, o que é curioso, pois tempo é um recurso que muitas pessoas afirmam não dispor.

Reprodução / Arquivo pessoal Lorrana Scarpioni, jovem fundadora da rede Bliive.

Para realmente ganhar dinheiro, a receita da Bliive é obtida por meio de três produtos: Bliive para as organizações, Troca de Pontos e Grupos.

O primeiro é voltado para empresas, escolas e universidades que desejam promover o conceito de colaboração por meio do compartilhamento de tempo. A startup cobra uma tarifa “proporcional ao tamanho” da instituição e do número de pessoas participantes e cria uma versão personalizada de sua plataforma.

A Troca de Pontos é dirigido para estabelecimentos, como cafés, restaurantes e lojas, que têm seus produtos e serviços divulgados na rede em troca de uma mensalidade. Nesse caso, esses lugares são “recomendados” como locais onde os usuários podem ir para se conhecer e compartilhar parte de seu tempo.

Já os Grupos são direcionados para universidades e outras organizações que querem premiar os membros ou alunos que participam da rede trocando experiências entre eles.

Um dos próximos planos é a internacionalização da Bliive, com expansão para Portugal, Reino Unido e Estados Unidos. Para ajudar, a plataforma já possui versões em português e inglês.

Com o projeto da Bliive, Lorrana e sua equipe já ganharam alguns prêmios. Ela, por exemplo, foi vencedora do Prêmio Jovens Inspiradores 2013 e figura na lista dos 10 jovens mais inovadores do Brasil pela revista Technology Review, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos. Além desses, Lorrana também foi nomeada Global Shaper pelo Fórum Econômico Mundial, em 2013. No mesmo ano, a plataforma ganhou a Creative Business Cup Brasil, seu primeiro prêmio nacional.

A conquista mais recente foi a seleção da Bliive no projeto de aceleração Sirius Programme, que recebe apoio do governo do Reino Unido. A startup foi selecionada entre 2 mil concorrentes do mundo todo para ser uma das 30 empresas do programa.

A criadora da Bliive, Lorrana Scarpioni, tem 24 anos, nasceu em Salvador (BA), mas foi criada no estado do Paraná. Ela é formada em Direito, pelo Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba), e Relações Públicas, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ambas as faculdades foram cursadas ao mesmo tempo e, na época, ela ainda estagiava na Procuradoria da República do Estado do Paraná, ou seja, tempo livre era um recurso muito raro na vida dela.

Lorrana sempre teve vontade de trabalhar com algo que ajudasse as pessoas. “Eu sempre me imaginei criando uma ONG ou uma escola, mas eu não me imaginava criando uma empresa, eu me achava muito inexperiente”, afirma.

Confira o vídeo de divulgação da Bliive:

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