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Flexibilidade no trabalho: é possível negociá-la com os gestores?

Veja dicas de como conversar com seus superiores sobre essa forma de exercer suas atividades

© Depositphotos.com / gpointstudio Às vezes uma negociação pode tornar a relação com a empresa mais flexível.

Cada vez o brasileiro vem tentando fugir do esquema engessado de trabalho, que consiste em uma carga horária diária e uma hora de descanso, dedicada ao almoço. Na busca por mais tempo para si e por mais qualidade de vida, os profissionais passaram a colocar a flexibilidade na lista de quesitos para aceitar ou não determinada vaga de emprego.

De acordo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o IBOPE, intitulada “Flexibilidade no mercado de trabalho” e divulgada em janeiro deste ano, 81% dos brasileiros entrevistados gostariam de trabalhar em casa ou em locais alternativos. Outros 73% apoiam a flexibilidade no expediente.

A pesquisa também revelou que os trabalhadores estariam dispostos a flexibilizar tanto o horário de almoço como as férias. Pelos resultados, 64% dos entrevistados reduziriam o intervalo para o almoço para saírem mais cedo. E 60% deles gostariam de dividir as férias em pequenos períodos. Em vez de 30 dias corridos, seriam dois de 15 ou três de 10 dias ao longo do ano.

Mas será que as empresas estão dispostas a negociar a flexibilidade?

Com o intuito de reter os funcionários, motivá-los e proporcionar maior qualidade de vida, já existem no Brasil e no mundo empresas dispostas a negociar essa flexibilidade. Apesar de as leis trabalhista não acompanharem claramente as mudanças que o mercado de trabalho vem enfrentando, na prática alguns funcionários já conseguem desfrutar de certos benefícios.

Vale lembrar que o regime de contratação também define o grau de flexibilidade conquistado. Pela pesquisa da CNI, somente 41% dos brasileiros que trabalham com carteira assinada afirmaram ter liberdade na jornada, enquanto 79% dos que trabalham por conta própria e 72% dos empregadores alegaram a mesma coisa.

E se alguns gestores ainda não estão abertos a essa proposta, como dar o primeiro passo? A coach Caroline Ceniza-Levine, colunista da revista Forbes, escreveu sobre o assunto e separou as seguintes dicas para quem negociar uma flexibilidade maior:

Defina o que é flexibilidade para você
Se o seu desejo é um trabalho remoto, a localização é o seu fator flexível. Logo, trabalhar em casa ou em um escritório regional, onde seu grupo não é baseado, são exemplos de localização flexível. Mas você pode querer flexibilidade no tempo – para começar mais cedo ou mais tarde, para transformar cinco dias em quatro dias ou menos. Partilha de trabalho – dois empregados em tempo parcial que cumprem um cargo em tempo integral – é mais um exemplo de trabalho flexível. Saiba o que você quer e planeje seu questionamento.

Utilize dados de mercado
Definida a flexibilidade, olhar para outros exemplos no mercado onde ela tem sido feita com êxito. Procure estatísticas positivas sobre o trabalho remoto, como o aumento da produtividade ou um melhor equilíbrio entre trabalho e vida privada, por exemplo. Foque sempre nos benefícios para a empresa ao coletar seus dados de mercado.

Usar dados de desempenho pessoal
Você também deve apresentar dados sobre seu desempenho pessoal – sua capacidade de obter resultados ao trabalhar de forma independente. Se você trabalhou em projetos bem-sucedidos com pessoas com base em outros locais, compartilhe-os como exemplos, provando que você já pode trabalhar de forma flexível e com êxito.

Prepare-se para lidar com as objeções
Seu chefe ainda pode ter ressalvas. Ele pode achar que lhe conceder alguma flexibilidade parecerá ser injusto com relação aos outros da equipe. Pode estar preocupado sobre como você manterá contato ou estará acessível a colegas e/ou clientes que precisam chegar até você. Ou ele pode não entender a logística em torno de como você vai acessar os arquivos e outros recursos no escritório que precisar. Sendo assim, esteja preparado para contrariar essas objeções.

Se necessário, proponha começar aos poucos
A flexibilidade não é uma proposição de sim ou não. Se você continuar enfrentando resistência mesmo depois de ter rebatido as objeções comuns, proponha um período de teste para que seu chefe se sinta confortável em concordar. Esteja preparado para obter resultados durante sua versão beta, para que você possa atribuir sua produtividade à flexibilidade! Outra opção é sugerir trabalhar em um local diferente do tradicional, para que você possa simular a mudança de local sem realmente ter ido embora. Até o chefe mais paranoico deve ficar bem com isso.

Pratique sua pergunta
Todo este planejamento não servirá para nada se você não estiver preparado para conversar com seu chefe. Então pratique o script que você definiu. Pratique também as objeções e tenha a consciência de que não será fácil. Se possível, converse com um mentor ou outro gerente experiente que já tenha passado por essa situação. Ele poderá lhe oferecer uma simulação mais realista do que você vai encontrar.

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